Parece que toda vez que Hollywood resolve fazer um reboot, o Twitter (agora X) vira o Planet Daily da vida real: manchetes, caos, e uma disputa entre o amor ao passado e a curiosidade pelo futuro.
O mais novo embate?
Fãs do Zack Snyder vs. o novo Superman dirigido por James Gunn.
De um lado, os órfãos do SnyderVerse, que ainda guardam com carinho a estética sombria, os slow motions dramáticos e o Henry Cavill com cara de quem carrega o peso de Krypton nas costas.
Do outro, os entusiastas do DC Studios 2.0 – oficialmente DCU –, que querem dar uma chance ao projeto ousado de Gunn, que é mais colorido, mais esperançoso e, dizem, mais fiel à essência do Superman das HQs.
E no meio?
A internet em chamas, claro.
Por que a galera do Snyder tá tão pistola?
Simples: pra muitos fãs, o universo criado por Zack Snyder não era só um estilo – era um manifesto. Um Superman mais sombrio, questionador, com dilemas existenciais e uma trilha sonora que faria até Nietzsche chorar.
Zack Snyder criou um Superman mais “de carne e osso” (mesmo que invulnerável), envolto em peso simbólico, culpa messiânica e filtros cinza-azulados.
Pra quem se identificou com essa pegada, a troca para um herói com cara de escoteiro de farmácia é quase uma traição emocional.
E, convenhamos, os fãs do Snyder não são discretos. Eles lutaram pelo “Snyder Cut” e venceram. Eles estão acostumados a gritar até serem ouvidos. E agora, com o reboot vindo, muitos sentiram como se estivessem deletando a linha do tempo onde eles viveram por anos.
E o que James Gunn está propondo?
James Gunn, conhecido pelo sucesso com Guardiões da Galáxia e o revival de O Esquadrão Suicida, promete um Superman com alma – e sorriso.
Um Clark Kent mais próximo dos quadrinhos clássicos, com esperança, leveza e humanidade, sem deixar de lado a complexidade emocional.
O novo ator escolhido, David Corenswet, já foi apelidado por alguns de “Cavill com brilho” — o que não ajudou muito a acalmar os ânimos dos snyderistas.
Gunn declarou que esse será um Superman que “inspira” e “acredita no melhor da humanidade”.
Pra quem está acostumado com o alienígena em crise existencial, isso soa quase como um episódio de Smallville com filtro da Disney.
Mas a briga é só por estilo?
Não. É identidade emocional.
Pra muitos fãs do Snyder, ver Henry Cavill substituído foi mais do que uma mudança de ator. Foi como ver o fim de uma era. Um corte simbólico com tudo que eles ajudaram a manter vivo — muitas vezes com campanha, hashtags e brigas online.
Enquanto isso, a galera mais “paciente” com reboots – ou que cansou do clima pesado dos filmes anteriores –abraça com empolgação a chance de ver um Superman que não parece estar prestes a desistir da vida o tempo todo.
A divisão, no fundo, reflete uma velha tensão:
Quem quer ver heróis profundos e densos como protagonistas de dramas shakespearianos.
E quem quer voltar a ver heróis como inspiração real, com capa vermelha, coração bom e sorriso no rosto.
O fator “internet + nostalgia + algoritmo”
Não dá pra esquecer que tudo isso é amplificado por uma equação conhecida de todos nós:
Reboot + internet + fanbase apaixonada = caos instantâneo.
O algoritmo adora uma boa treta.
Um comentário irônico aqui, uma montagem provocativa ali, e pronto: o feed vira um campo de batalha entre “Restore the SnyderVerse” e “Let Gunn Cook”.
No fim das contas, a pergunta real talvez seja:
“A gente quer um novo Superman, ou só não superou o antigo?”
Há espaço pra mais de um Superman?
Sim. O Superman é um arquétipo.
Já foi símbolo da verdade e justiça nos anos 40, ícone de esperança nos anos 70, mártir messiânico nos anos 2000… e agora, talvez, um reflexo do mundo que precisa de mais leveza sem perder a profundidade.
Zack Snyder contou sua versão com potência visual e peso dramático.
James Gunn está vindo com outro tom, outra paleta, outro propósito.
E tudo bem.
O que não dá é querer ver o futuro com os dois pés presos no passado. Talvez o novo Superman surpreenda. Talvez não. Mas ele merece, pelo menos, ser visto sem comparação automática — e com o coração aberto.
(E se não funcionar, bom… todo mundo sempre pode voltar pro Snyder Cut. Tá na HBO Max. Por enquanto.)