Se você andava órfão de um grande filme de tubarão, boas notícias: Animais Perigosos (Dangerous Animals) chegou como um jato d’água gelada no rosto. Dirigido por Sean Byrne (The Loved Ones, The Devil’s Candy), o longa mistura thriller de serial killer com horror aquático e entrega tensão sem folga, um vilão inesquecível (Jai Courtney no modo “completamente descompensado”) e uma final girl que honra o título — Zephyr, vivida por Hassie Harrison. O filme estreou em Cannes (Quinzena dos Cineastas) e rapidamente virou conversa de fã de terror pelo mundo.
Nota da crítica (set/2025): Rotten Tomatoes: 86% (consenso: “irresistível para aficionados por horror”); Metacritic: 65/100.
Sinopse: turismo radical que vira pesadelo
Na Costa Dourada australiana, o carismático guia Tucker (Jai Courtney) vende uma “experiência com tubarões” que inclui mergulho em gaiola. O pacote, claro, tem muitos asteriscos: Tucker sequestra turistas “que não farão falta” e grava tudo enquanto os oferece como isca às criaturas do mar. Depois que Heather (Ella Newton) cai em suas garras, quem entra na mira é Zephyr (Hassie Harrison), surfista durona que vive numa van e evita laços — até conhecer Moses (Josh Heuston), corretor/surfista bonzinho que, quando ela desaparece, parte para procurá-la. Presa num arrastão flutuante do horror, Zephyr terá de usar cada grama de astúcia para virar o jogo antes de virar jantar. (Sim, há grande-branco em cena.)
O diferencial? Em Animais Perigosos, o predador mais perigoso não é o tubarão — é o humano.
Review (sem spoilers): por que funciona tão bem
Energia de sobrevivência, não de tortura. O roteiro de Nick Lepard rejeita o sadismo gratuito e enxerga a história pelos olhos de Zephyr, o que dá ao filme o drive certo: a gente torce pela fuga, não pela carnificina. A relação dela com Moses é enxuta, mas rende um arco emocional que sustenta a segunda metade.
Vilão à altura. Jai Courtney faz de Tucker um psicopata magnético — sorriso fácil por cima, abismo por baixo. Há uma sequência hilária e perturbadora dele dançando de roupão, enquanto sua obsessão ritualística com cabelo de vítimas dá arrepios. (A crítica internacional bateu palmas para o “heel turn” do ator.) Rotten Tomatoes
Assinatura de Sean Byrne. O diretor leva para o mar o mesmo senso de ferocidade estilizada de seus filmes anteriores. As cenas subaquáticas com tubarões reais (os planos aéreos usam alguns reforços de CGI) têm textura, risco e um respeito raro às criaturas. O resultado é um terror que não demoniza o animal — a crueldade organizada é humana. GamesRadar+
Nem tudo é perfeito. Alguns sustos são telegrafados (o próprio g1 apontou a previsibilidade pontual), e quem não compra a “lógica de serial killer” vai implicar com decisões de risco. Ainda assim, o saldo pende para o lado visceral e memorável, com ritmo sempre para frente e um clímax que entrega o que promete. (A crítica do Guardian implicou com o “cheiro de streaming” e clichês — fica o contraponto.) The Guardian
Bastidores e lançamento (linha do tempo)
Origem & filmagem. Anunciado em maio/2024, direção de Sean Byrne e roteiro de Nick Lepard; produção na Gold Coast (Queensland) com incentivo local e vendas via Mister Smith no Marché de Cannes.
Cannes 2025. Estreia mundial em 17 de maio, na Quinzena dos Cineastas — primeiro longa australiano no programa desde 2014.
Distribuição. Nos EUA, o filme marcou a primeira estreia da recém-rebatizada IFC Films como Independent Film Company (IFC), em 6 de junho de 2025, com janela para o Shudder; na Austrália, saiu 12 de junho pela Kismet.
Recepção & bilheteria. Avaliações geralmente positivas; números globais reportados na casa de US$ 7,6 milhões até setembro. (Plataformas de crítica variam; veja os agregadores abaixo.)
Elenco e personagens (quem é quem)
Hassie Harrison – Zephyr: surfista nômade, trauma às costas e instinto de sobrevivência no talo; finalmente uma final girl que age, não só reage.
Jai Courtney – Tucker: guia “good vibes” por fora, ritualista por dentro; um dos vilões mais marcantes do subgênero tubarões-+-serial killer.
Josh Heuston – Moses: “príncipe do Zillow” com prancha de surfe; começa como alívio romântico e cresce para motor dramático.
Ella Newton (Heather), Liam Greinke (Greg) e Rob Carlton (Dave) completam o tabuleiro de vítimas, pivôs e cúmplices trágicos.
Linguagem visual: surf, aço e sangue
Byrne filma surf com exuberância de comercial de prancha — o que contrasta violentamente com o industrial do pesqueiro de Tucker (correntes, guinchos, câmeras VHS, cheiros de sal e ferrugem).
No mar, o filme alterna planos com tubarões reais (mako, tigre, cinza, touro) e reforços discretos quando necessário. Isso dá peso físico às cenas — e torna crível a regra da sobrevivência: ficar imóvel pode salvar sua pele.
Como a crítica recebeu (o termômetro)
Rotten Tomatoes: 86% de aprovação da crítica, com consenso destacando os choques “memoráveis” e a virada “destrambelhada” de Jai Courtney.
Metacritic: 65/100 (avaliações “geralmente favoráveis”).
Destaques de reviews:Variety elogiou o visual “surpreendentemente elegante”; RogerEbert.com chamou de “afiado nos lugares certos”; Guardian achou derivativo, mas aplaudiu Courtney.
Onde assistir (Brasil e streaming)
Nos EUA, estreou nos cinemas e seguiu para Shudder (janela de terror da AMC). No Brasil, longa chega nos cinemas a partir de 18 de setembro.
Trailer
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Veredicto: é o melhor filme de tubarão em anos?
Quase lá — e, para muita gente, sim.Animais Perigosos tem alma de survival, vilão memorável, protagonista cascuda e mise-en-scène que respeita tanto o medo quanto o fascínio pelos tubarões. Nem todas as soluções são elegantes, mas a soma dos acertos (e a entrega física do elenco) coloca o longa no topo do subgênero recente.
Se você curte terror com sal e ferrugem, e quer ver sharks filmados como animais reais (e não apenas pixels famintos), mergulhe sem medo. Só não aceite “experiência com tubarões” de guia que te faz cantar “Baby Shark” no caminho…