A Longa Marcha: dor, amizade e resistência em uma distopia à moda Stephen King

Baseado no romance de 1979 assinado por Stephen King sob o pseudônimo Richard Bachman, A Longa Marcha (2025) chega aos cinemas pelas mãos de Francis Lawrence (Jogos Vorazes), com roteiro de JT Mollner. A estreia nos EUA ocorreu em 12 de setembro de 2025 pela Lionsgate, com recepção crítica positiva — especialmente às atuações de Cooper Hoffman e David Jonsson — e abertura estimada em US$ 11,5 milhões no fim de semana (2.845 salas).

Além de tensão e brutalidade gráfica, o filme aposta no coração da história: a fraternidade improvável que surge quando meninos são forçados a andar — e a morrer — diante de um país anestesiado pelo espetáculo da violência.


Sinopse

Em uma América alternativa governada por um regime totalitário, milhares de garotos se inscrevem no evento anual “A Longa Marcha”. Cinquenta são sorteados, recebem água e rações e devem caminhar sem parar por uma rota pré-definida. Cair abaixo de 3 mph (4,8 km/h) por 10 segundos rende um aviso; três avisos e um novo deslize significam execução imediata pelos soldados que escoltam o grupo. O “jogo” só termina quando resta um sobrevivente, que recebe um prêmio em dinheiro e um pedido atendido.

Ray Garraty (Cooper Hoffman) conhece outros marchadores: Peter McVries (David Jonsson), Billy Stebbins (Garrett Wareing), Arthur Baker (Tut Nyuot), Collie Parker (Joshua Odjick), Gary Barkovitch (Charlie Plummer) e Hank Olson (Ben Wang). Sob o olhar do Major (Mark Hamill), a caminhada vira desfile de exaustão, delírio e escolhas morais. Amizades nascem e ruem; alguns sucumbem à culpa, outros escolhem a própria saída.

Nos últimos quilômetros, restam Ray e Peter. Ray para para salvar o amigo — e é executado. Declarado vencedor, Peter usa o desejo para pedir uma carabina e matar o Major, cumprindo o plano de Ray. Depois, segue caminhando pela estrada, sozinho, mas não derrotado.


Review

Francis Lawrence faz aqui o que melhor sabe: dramatizar regras cruéis e extrair delas uma experiência de suspense progressivo, como em seus Jogos Vorazes. A repetição da mecânica (andar, avisos, morte) poderia soar estática, mas o diretor contorna isso com variações de cenário, close-ups inquietos e silêncios que pesam mais do que o estampido dos rifles. A fotografia transforma a estrada num purgatório a céu aberto; cada curva é promessa de alívio… que nunca vem.

O roteiro de JT Mollner — após uma gestação longa que passou por George A. Romero, Frank Darabont, New Line e, finalmente, Lionsgate — foca na amizade Ray/McVries e ajusta escalas (como reduzir o número de marchadores para 50) para tornar o drama mais cinematográfico. Em entrevistas, Mollner citou o aval de Stephen King para as mudanças, priorizando o eixo emocional da dupla.

O elenco segura o filme: Cooper Hoffman traz um Ray contido, vulnerável, sem ceder ao melodrama; David Jonsson injeta calor e teimosia luminosa em McVries — a química entre os dois é o motor da narrativa. Há bons coadjuvantes (Ben Wang, Charlie Plummer), e Mark Hamill como o Major surge deliberadamente maior-que-a-vida, simbolizando a máquina desumana que rege o espetáculo. A crítica internacional, em geral, concorda: o filme é “uma marcha implacável às sombras da humanidade”, sustentada por atuações com muito coração — e um Tomatometer na casa dos 90% nos primeiros dias.

Se há tropeços? Alguns sustos previsíveis e sacrifícios de personagens que pesam menos por falta de tempo de tela. Ainda assim, a soma é poderosa: o terror aqui é existencial — a contagem de avisos, o relógio interno, o corpo que pede para parar e a arma que não perdoa.


Elenco

  • Cooper Hoffman — Raymond “Ray” Garraty (#47)

  • David Jonsson — Peter McVries (#23)

  • Garrett Wareing — Billy Stebbins (#38)

  • Tut Nyuot — Arthur Baker (#6)

  • Charlie Plummer — Gary Barkovitch (#5)

  • Ben Wang — Hank Olson (#46)

  • Joshua Odjick — Collie Parker (#48)

  • Roman Griffin Davis — Thomas Curley (#7)

  • Mark Hamill — o Major

  • Judy Greer — Ginnie Garraty

  • Josh Hamilton — William Garraty


Veredicto

A Longa Marcha é tenso, econômico e cruel — mas, acima de tudo, humano. Lawrence encontra poesia no passo arrastado e transforma a estrada em metáfora de um país que aplaude a violência ritualizada. O filme honra a ideia de King (Bachman) e entrega um final que é, ao mesmo tempo, catarse e acusação.

Para quem curte distopias com veia social e personagens que sangram de verdade, é imperdível. Para fãs de King, é das melhores adaptações recentes — e uma prova de que ainda há muito o que garimpar fora do horror sobrenatural tradicional. O consenso crítico inicial e a abertura sólida reforçam isso.


Trailer

Assista ao trailer oficial de The Long Walk nas páginas de trailers e vídeos do Rotten Tomatoes.

https://www.youtube.com/watch?v=CC9Eww-YhLY

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